Sylvia Romano*
Cada vez mais me surpreendo com os nossos políticos. Ofendem uns aos outros, falam cobras e lagartos, mas na hora que se encontram, são só abraços e afagos.
"Corrupto" e "ladrão" são elogios que eles trocam diariamente entre si. Atacam o nepotismo dos adversários, o aumento de patrimônio de todos os companheiros não do partido, mas da política , insinuam preferências sexuais não muito ortodoxas, falam de bastardos, de mazelas do passado e tudo aquilo que possa de alguma forma alijar o oponente das próximas eleições.
Criam-se CPIs para nada, apenas para ganhar espaço na mídia e também para terem munição de manobra política e por aí afora. Ideologias são relegadas sempre a um segundo plano, pois depois de eleitos o que importa é se manter no poder. Neste momento, quando estão mandando, nós os eleitores que os elegemos passamos a ser um estorvo em suas vidas, incomodando-os quando precisamos de quem nos defenda e que agora detêm o poder. Brigam sim, e sempre, não por nós, mas por si próprios quando o assunto é mordomias, aumentos salariais, empregos para os mais chegados e chances de terem tudo de bom que nós, pessoas normais, jamais teremos oportunidades de conseguir. Seus patrimônios crescem a olhos vistos, mesmo os declarados; já as contas secretas, os investimentos no exterior e os bens em poder de "laranjas" nem a nossa vã filosofia consegue quantificar de tão grandes que são.
Posam sempre de abnegados, altruístas, interessados e, principalmente, honestos, para terem estas qualidades como escudo que irá proteger a sua corrupção hoje cada vez mais desmascarada, graças a este momento de liberdade e transparência. Quando o assunto é assumir responsabilidades pelas falcatruas cometidas, saem alardeando, como filósofos do fim do mundo, que só sabem que nada sabem, e que tudo foi feito à revelia do seu conhecimento e que, portanto, nada têm a ver com isso, nem quando suas contas bancárias crescem de forma descarada, como o milagre da multiplicação dos pães.
Hoje, 14 de julho de 2009, quando vi na internet que o nosso popular presidente abraçava calorosamente o seu grande opositor do passado e presidente deposto como se fossem grandes amigos de infância, relembrei da minha sábia e querida vovó, que sempre dizia: "Minha neta, para se dar bem em política duas qualidades são imprescindíveis: Ter pouca memória e, principalmente, pouca vergonha!"
Do Migalhas
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