quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

a gente cá embaixo treme de pavor e de medo

 Continuem nos enganando

   Procuro me ater a temas locais. As questões nacionais deixo para as dezenas de analistas que dissecam as informações a partir do centro dos acontecimentos políticos do País, Brasília. Há determinadas situações, no entanto, em que a língua coça e a mente entra em ebulição. Chego a pensar que o único louco varrido sou eu. Faz-se um suspense, na minha opinião completamente desnecessário, sobre as consequências de o PMDB agora controlar o Congresso Nacional. O presidente Lula estaria refém dos presidentes da Câmara dos Deputados, Michel Temer, e do Senado Federal, José Sarney. Concordo apenas com a tese de que o poder não deve ficar apenas nas mãos de um partido. Isso fragiliza o exercício democrático. Mas, sejamos minimamente inteligentes.
  Na prática, o que representa a assunção do PMDB nas duas principais casas legislativas do País? Aposte: tudo continuará como dantes no quartel de Abrantes. Para a sociedade, a centralização das forças em mãos peemedebistas não muda nada. As políticas públicas de Lula, boas ou ruins para a massa da população, continuarão sendo apoiadas pelo seu grande aliado à medida em que os interesses da legenda de Temer e de Sarney não sejam contrariados.O resto é papo furado. E quais são as aspirações do PMDB? Diria que as mesmas de sempre.
   Ou seja, permanecer o mais próximo possível de quem tem a caneta à disposição e marchar pela trilha daqueles que têm o projeto mais viável para chegar ao centro das decisões. Sarney é ou foi oposição a quem? Talvez a ele mesmo quando exerceu a Presidência da República e levou o Brasil ao fundo do fundo do fundo do poço. Teve, inclusive, de mudar o domicílio eleitoral para o pequeno Amapá, já que seu império no Maranhão apresentava sinais de deterioração.
  E Temer? Se não fosse o PT muito certamente não voltaria ao comando da Câmara. Não asseguro que eles - Sarney e Temer – serão subservientes ao Palácio do Planalto. Longe disso. Eles vão mesmo é barganhar, seja em nome do PMDB seja em nome próprio, mais espaços no governo. Embora pessoalmente prefira as feras de verdade, aquelas cujos instintos tornam-se sensíveis quando está em jogo a sobrevivência física, reconheço que a dupla peemedebista, pela experiência, tem também o seu lado feroz. Mas, nesse caso, agem com discernimento, calculadamente, dentro das regras nefastas do autêntico jogo depredatório do bicho homem. Estes são extremamente perigosos e mordazes. As feras de verdade que conhecemos são fichinhas ante a ganância e o orgasmo que sentem sabendo-se donos da cocada preta.
  Estamos, pois, conversados. Gostaria, e muito, que o PMDB como partido majoritário nacionalmente promovesse ações que desaguassem no bem estar geral. Falo do PMDB, mas poderia ser o PT, o Democratas ou o diabo que fosse.
 
Infelizmente, quando eles se movimentam, a gente cá embaixo treme de pavor e de medo pois sabemos que levaremos pau, que a nossa qualidade de vida, já péssima, vai piorar ainda mais para que, quem está no topo, tenha seus interesses resguardados. E quem não gostou vá se queixar ao arcebispo ou aos orixás, às mães-de-santo, aos pastores e reverendos. Nós, da plebe, temos fascínio pela enbromação.
  Por isso eles nos enganam e nós gostamos. Editor de Política - janiolopo@gmail.com

http://www.tribunadabahia.com.br/

Nenhum comentário: